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Melhor paratleta de 2022, Wilians Araújo vê esporte como ferramenta de inclusão e garante foco total em Paris-2024

Wilians Araújo venceu todas as 24 lutas de 2022, 23 por Ippon São poucos atletas que poderão dizer que já […]

Judoca Wilians Araújo com troféus do Prêmio Paralímpicos 2022

Alan Morici/Exemplus/CPB

Wilians Araújo venceu todas as 24 lutas de 2022, 23 por Ippon

São poucos atletas que poderão dizer que já tiveram uma temporada de tanta hegemonia no seu esporte quando Wilians Araújo teve no parajudô em 2022. Das 24 vezes que ele entrou no Dojô, apenas uma não terminou com vitória sua por Ippon, inclusive a luta que lhe garantiu o inédito título mundial.

O judoca paraibano já se consolidou como um dos maiores nomes do paradesporto brasileiro e o reconhecimento veio o Prêmio Paralímpicos, no dia 9. Wilians Araújo foi premiado como melhor judoca e melhor paratleta no masculino. Assim, o Jogo Hoje conversou com ele sobre a importância da premiação e do paradesporto em sua vida.

Ele ganhou o prêmio ao lado de Carol Santiago, no feminino, que também falou com a nossa reportagem. Wilians é deficiente visual desde a infância e vem de temporadas muito vitoriosas no parajudô. Ele não teve nenhuma derrota em 2022, garantindo o ouro no Mundial, no Azerbaijão, e nas etapas da Turquia, do Cazaquistão e do Brasil do Grand Prix.

Judoca Wilians Araújo com medalha de prata da Rio-2016
Wilians Araújo tem uma medalha paralímpica de prata na Rio-2016 – Foto: Cleber Mendes/MPIX/CPB

“O esporte é uma ferramenta para a inclusão”

Hoje com 31 anos, Wilians Araújo perdeu a visão ainda aos 10, em um acidente com tiro de espingarda. Antes de chegar ao judô, ele teve outras experiências no paradesporto, passando por natação, atletismo, goalball e futebol de cinco, mas teve problemas na adaptação a eles. “Eu gostava muito do futebol, mas costumo dizer que eu era muito ruim até quando enxergava, imagina depois de cego. Era um desastre”.

Mas tudo mudou quando ele se encontrou no judô, já aos 18 anos. E o caminho para o alto nível foi rápido. “Com dois anos e meio treinando judô, eu estava sendo convocado para a seleção brasileira pela primeira vez. (Agora) pouco mais de 12 anos fazendo parte da seleção brasileira paralímpica e tentando, buscando a vaga para a minha quarta participação em Jogos Paralímpicos”.

Essas oportunidades na infância vieram por meio do Instituto Benjamin Constant (IBC), escola de referência para deficientes visuais no Rio de Janeiro, ligada ao Governo Federal. Assim, Wilians Araújo falou sobre as ferramentas de inclusão que o paradesporto pode representar para as pessoas com deficiência.

“O esporte não é a única, mas é uma ferramenta extremamente importante para a inclusão da pessoa com deficiência, a inclusão social. A gente mostra (…) que todos temos nossas limitações, mas que é possível. A gente mostra que o lugar do deficiente é onde ele quiser”.

E para além da inclusão, o judoca também reforçou o papel de desenvolvimento social que o esporte gera, seja para crianças com deficiência ou não. “Às vezes, a gente não vai formar um campeão, com inúmeras medalhas, troféus, mas a gente vai formar um campeão para a vida. É isso que o Brasil precisa”.

O paraibano ainda alertou para outro fator social importante que é cumprido pelo paradesporto: a visibilidade. “Em alguns momentos a gente tem a oportunidade de falar, de dar entrevistas, a gente tem esse dever de levar essas demandas da pessoa com deficiência. Tornar público, e com certeza o esporte também é uma ferramenta para que a gente leve essas demandas, as necessidades dos deficientes, para a sociedade, para o poder público”.

Wilians Araújo e Carol Santiago também conversaram com o NE45 sobre o desenvolvimento do movimento paralímpico no Nordeste do Brasil e da relação com sua região natal

Judoca Wilians Araújo em luta contra cubano Fernandez Sastre na Paralimpíada Tóquio-2020
Wilians Araújo não conseguiu repetir o pódio na Paralimpíada de Tóquio – Matsui Mikihito/CPB

“Um ano realmente incrível”

O ano de 2022 foi de grandes conquistas para Wilians Araújo. Não por menos, ele afirma que se trata do seu “melhor ano esportivo”. Na temporada, o judoca venceu todas as 24 lutas que disputou, sendo 23 por Ippon. Isso é o suficiente para colocá-lo na liderança do ranking mundial com 910 pontos – a maior pontuação possível. Em novembro, ele se tornou campeão mundial na categoria +90Kg/J1. E tudo isso resultou no Prêmio Paralímpicos, inédito para Wilians.

Mas, para ele, nenhuma dessas conquistas foi individual. “É um sentimento de dever cumprido, de concretização de um trabalho que tem muitas pessoas envolvidas (…) Foi um ano realmente incrível para mim, jamais vivido por mim. Foi, até hoje, o meu melhor ano esportivo. Então, estou muito feliz por todas as conquistas e esses troféus vieram só coroar esse trabalho”.

Um ano até Paris

Mas Wilians Araújo ainda espera mais. Mesmo que 2023 ainda reserve muitas disputas, como o Parapan-Americano de Santiago, em novembro, o foco do paraibano está no ouro paralímpico. Em busca da classificação para Paris-2024, que deve ser confirmada neste ano, o judoca, que foi prata na Rio-2016, garantiu foco total já neste ano em participar e vencer a sua quarta disputa paralímpica.

“Meus planos para 2023 são continuar treinando, continuar acreditando, continuar sonhando, continuar buscando, continuar trabalhando para que eu possa, se Deus quiser, classificar a vaga para Paris, participar dos meus quartos Jogos Paralímpicos e buscar essa medalha de ouro”.

Judoca Wilians Araújo em treino
Paraibano de nascimento, Wilians Araújo vive no Rio de Janeiro desde a infância – Matsui Mikihito/CPB
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