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Melhor paratleta de 2022, Carol Santiago comemora reinvenção na natação e vê 2023 como preparação para Paris

Carol Santiago tem cinco medalhas paralímpicas e 11 mundiais O paradesporto é mais que uma história de superação ou de […]

Nadadora Maria Carolina Santiago, Carol Santiago com troféu do Prêmio Paralímpicos 2022

Alan Morici / Exemplus/CPB

Carol Santiago tem cinco medalhas paralímpicas e 11 mundiais

O paradesporto é mais que uma história de superação ou de inclusão. Ele pode facilmente ser uma história de sucesso, e a nadadora pernambucana Carol Santiago  é uma prova viva disso. Em pouco mais de cinco anos no alto nível do esporte, a paratleta de 37 anos já soma três ouros paralímpicos e oito em Mundiais.

E isso vem com reconhecimentos: ela foi uma das grandes vencedoras do Prêmio Paralímpicos, no dia 9, escolhida como o principal nome da paranatação e como melhor paratleta entre as mulheres. Assim, o Jogo Hoje conversou com a Carol Santiago para entender suas relações com o paradesporto, os planos para 2023 e conhecer mais desse grande nome do esporte brasileiro.

Ela ganhou o prêmio ao lado de Wilians Araújo, no masculino. Deficiente visual por conta de uma síndrome rara, Carol vem de um grande ano, ao ampliar o já extenso leque de medalhas com mais seis ouros e uma prata no Mundial. Ela é uma das maiores esperanças de medalhas para o Time Brasil no Parapan de 2023 e na Paralimpíada de 2024.

Nadadora Maria Carolina Santiago, Carol Santiago na piscina do Open Internacional 2019
Recifense, Carol Santiago é atleta do Grêmio Náutico União, de Porto Alegre – Foto: Ale Cabral/CPB

“A natação me renovou”

Maria Carolina Santiago tem 37 anos e passou muitos deles dentro de uma piscina. Ela começou a nadar aos 4 e seguiu até os 17, quando o acúmulo de água na retina a deixou completamente cega por alguns meses. Carol tem uma síndrome rara chamada Morning Glory, que afeta o disco óptico e faz com que ela tenha apenas visão parcial.

Após parar, a pernambucana só retornou às piscinas 10 anos depois. Carol Santiago falou sobre sua relação com a natação e a importância de se reencontrar com o esporte. “A natação, para mim, não era só importante, ela era necessária. Depois que eu passei um tempo afastada e retorno, tudo começa a fazer mais sentido, sabe? Porque a satisfação voltou para minha vida. Eu fiquei mais feliz para realizar”.

Ela continua: “Naquele momento, eu queria me desafiar, então eu voltei a treinar mesmo na piscina, eu comecei a me desafiar também nas águas abertas, que foi uma parte curta, porém muito importante também na minha vida. E tudo aquilo me renovou, até na autoconfiança mesmo, para que eu pudesse, hoje, chegar no paralímpico e realizar tudo que a gente vem realizando”.

Mas desde que ela migrou do esporte convencional para o paradesporto, em 2018, a carreira de Carol Santiago teve uma ascensão meteórica. Os primeiros títulos mundiais vieram em 2019 e ela foi o grande destaque brasileiro na Paralimpíada de Tóquio, dois anos depois. Ela contou um pouco dessa caminhada para o estrelato.

“Na primeira competição, o Open Brasil, que era classificatória para o Parapan e para o Mundial, eu vi que a gente tinha possibilidade de chegar competitiva num Mundial. Mas confesso que depois do primeiro Mundial, em Londres (2019), meu técnico chegou para mim e disse que eu ia ter que melhorar muito para chegar numa Paralimpíada e fazer o programa que a gente estava pensando, ter os resultados que a gente teve”. Ela descreveu esse momento como uma virada de chave na carreira.

“Ali eu virei uma atleta de verdade, porque eu saí de lá avaliando tudo que não tinha dado certo e indo atrás para poder melhorar e me tornar um atleta mais completa (…). Eu tinha que estar bem fisicamente, psicologicamente, com todas as minhas partes bem treinadas. Então eu tinha que ter muito bem feito uma nutrição, ter um controle grande da parte médica do esporte. Foi a partir dali que eu vi que eu iria ser o que eu sou hoje, na volta do Campeonato Mundial”, detalhou.

Nadadora Maria Carolina Santiago, Carol Santiago com medalhas do Mundial de Paranatação 2022
Carol Santiago foi a maior medalhista brasileira no Mundial de Paranatação – Foto: Ale Cabral/CPB

“A gente precisou se reinventar”

Mas isso não significa que Carol Santiago tenha tido resultados ruins naquela primeira participação em Mundiais. A brasileira, que disputa na categoria S12, conquistou dois ouros e duas pratas naquela edição. Mas isso não foi nada perto do desempenho paralímpico, com três ouros, uma prata e um bronze, ou do Mundial de 2022, com seis ouros e uma prata para a pernambucana.

Para ela, as conquistas do último ano, que levaram ao Prêmio Paralímpicos, representa os esforços de reinvenção e adaptação. “A preparação para o Campeonato Mundial foi bastante difícil. E a gente precisou realmente se reinventar para poder chegar nele e fazer um programa longo, mais longo que na Paralimpíada, e com qualidade. Isso ter sido reconhecido no Prêmio Paralímpicos foi incrível”. Este já é o segundo ano seguido que a premiação máxima do Comitê Paralímpico fica com ela.

“É um ano muito importante para chegar em 2024”

Mas isso também representa uma porta para novos desafios. Entre o Circuito Mundial, o Parapan-Americano e a preparação para Paris-2024, Carol Santiago prevê um ano agitado em 2023. Ela revelou que já vem se preparando para a temporada desde o ano passado e falou um pouco das próximas competições no seu calendário.

“A gente vai começar (a competir) agora em março, já viaja para uma etapa do Mundial Seriado (Circuito Mundial) que vai ser na Itália. Depois, a gente já parte para outra etapa em Sheffield (Inglaterra), e voltamos para cá, participando da seletiva para o Campeonato Mundial, que é a nossa competição mais importante, que vai ser em Manchester (Inglaterra). E vamos finalizar o ano com o Parapan-Americano”.

A disputa do Parapan acontece em Santiago, a partir de novembro. O Brasil foi o maior medalhista do evento nas últimas quatro edições, com a ajuda de Carol Santiago, inclusive, dona de quatro ouros em Lima-2019. “É uma competição imensamente importante para o Brasil, visto que nossa seleção é muito forte para competir e sempre traz muitas medalhas. É uma competição que dá para você explorar bastante”.

Mas, mesmo assim, ela garantiu que seu foco está em Paris. “Eu não tenho como tirar, porque todo o ano vai ser uma forma de preparar para os Jogos (Paralímpicos). A gente vai estar testando todo tipo de suplementação durante as competições, todos os programas. Então, é um ano muito importante para que a gente possa chegar em 2024 o mais preparada e o competitiva possível para fazer um grande programa, assim como a gente fez em Tóquio. Quem sabe até maior?”.

Nadadora Maria Carolina Santiago, Carol Santiago na piscina após prova do Mundial de Paranatação 2022
Carol Santiago começou na natação aos oito anos de idade – Foto: Ale Cabral/CPB
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