Alemão passou por BMW, Toro Rosso, Red Bull, Ferrari e Aston Martin
O piloto Sebastian Vettel não vai seguir por muito tempo no grid da Fórmula 1. Nesta quinta-feira, o alemão da Aston Martin anunciou que vai se aposentar da categoria ao fim da temporada 2022. O anúncio do tetracampeão foi feito em sua recém-lançada conta no Instagram.
Sebastian é considerado como um dos maiores pilotos da história da categoria, com quatro títulos do Mundial de Pilotos na estante (2010-2013). Ele tem o mesmo total do francês Alain Prost e só fica atrás do alemão Michael Schumacher (7), do britânico Lewis Hamilton (7) e do argentino Juan Manuel Fangio (5).
As conquistas de Seb Vettel
Em 16 anos na principal categoria do automobilismo, o piloto da Aston Martin foi tetracampeão do mundo e conseguiu 53 vitórias, 122 pódios, 57 pole positions, 38 voltas mais rápidas e 3 076 pontos. E ele ainda tem mais 10 corridas para tentar aumentar essas marcas.
Hoje, ele é o 3º maior piloto em número de vitórias e de pódios, o 4º em poles, o 5º em voltas rápidas e o 7º em corridas disputadas. Ele também detém alguns recordes na categoria, como a de título com maior margem de pontos, em 2011, com 155 a mais que o vice Fernando Alonso.
O alemão também é o piloto com maior número de poles (15 em 2013), vitórias (13 em 2013) e pódios (17 em 2011) em uma mesma temporada, empatado com Schumacher nas duas últimas.
Vettel ainda divide um recorde com o italiano Alberto Ascari, o de maior número de vitórias consecutivas na Fórmula 1. Ele fez isso nas nove últimas provas da temporada 2013.
A carreira
Sebastian Vettel estreou na Fórmula 1 com um 8º lugar no GP dos EUA de 2007, pela BMW Sauber. Foi sua única corrida pela equipe em que ele era piloto reserva. Mas quatro provas depois, no GP da Hungria, ele estrearia pela Toro Rosso, onde ficaria até o ano seguinte, com direito a uma vitória histórica no GP da Itália de 2008.
Com grandes resultados na equipe B, o alemão foi promovido à Red Bull Racing em 2009 e não demorou a entregar resultado. Formando uma dupla marcante com o australiano Mark Webber, Vettel teve um vice e quatro títulos no Mundial de Pilotos. Assim, a RBR teve os mesmos resultados na disputa de construtores.
Mas a sua última temporada na Red Bull foi melancólica. Em 2015, sua 1ª temporada completa sem vitórias, grande desgaste interno na equipe que tinha trocado Webber por Daniel Ricciardo e uma saída com um discreto 5º lugar para assumir o carro principal da Ferrari no lugar do bicampeão Fernando Alonso.
Ferrari e Aston Martin
Ao todo, foram seis temporadas na equipe de Maranello, quatro ao lado do finlandês Kimi Räikkönen e duas com o monegasco Charles Leclerc. Com 14 vitórias, ele é o 3º maior vencedor de corridas da história com a escuderia, atrás de Schumacher (72) e Lauda (15).
Vettel foi duas vezes vice-campeão na equipe, mas também deixou o time de forma melancólica. Isso porque a sua última temporada, 2020, aconteceu em um dos piores carros da história da Ferrari. Com só um pódio, ele foi 13º no campeonato e saiu novamente com grande desgaste.
Assim, chegou o convite da promissora Aston Martin, que voltava à categoria após décadas longe das pistas. Vettel não se tornou apenas piloto como acionista do time britânico. Mas as expectativas foram frustadas e a equipe ainda não entregou o carro competitivo que todos esperavam.
Até agora, ele fez 32 corridas pela equipe, mas só conseguiu um pódio. Sebastian foi 12º na última temporada e ocupa o 14º lugar no atual campeonato.
Mas além das pistas, Vettel sempre foi uma voz de muito posicionamento na Fórmula 1. Além de assumir papel de liderança entre os pilotos, o alemão sempre reafirma compromissos com causas sociais e ambientais, levantando debates relevantes da sociedade, como os direitos da mulher, o combate à homofobia e ao racismo e as medidas para combater as mudanças climáticas.
A despedida de Vettel
Assim, Vettel se despede da Fórmula 1 longe dos grandes resultados que marcaram sua carreira. O piloto se pronunciou sobre essa despedida e afirmou que está saindo para aproveitar a vida fora das pistas, com a família.
“Estou aqui para anunciar minha aposentadoria da Fórmula 1 ao fim da temporada 2022. Eu amo esse esporte, mas ao mesmo tempo em que há vida nas pistas, também há fora delas. Ser piloto nunca foi minha única identidade. O comprometimento com a minha paixão não tem mais espaço ao lado do meu desejo de ser um grande pai e marido”, afirmou.
Assim, o alemão deixa a categoria após o GP de Abu Dhabi, em 20 de novembro. Ele ainda não comentou sobre a possibilidade de seguir correndo em outra categoria de calendário mais esparso, assim como a equipe Aston Martin não anunciou o nome do seu substituto.
Mas já há especulações sobre a vaga com o brasileiro Felipe Drugovich, o alemão Nico Hulkenberg, o holandês Nyck de Vries e o australiano Oscar Piastri aparecendo como primeiros cotados.
Veja a íntegra da despedida de Vettel
Estou aqui para anunciar minha aposentadoria da Fórmula 1 ao fim da temporada 2022. Eu deveria começar com uma longa lista de pessoas a agradecer, mas sinto ser mais importante explicar minhas razões.
Eu amo esse esporte, ele foi o centro da minha vida desde que eu lembro, mas ao mesmo tempo em que há vida nas pistas, também há fora delas. Ser um piloto nunca foi minha única identidade.
Quem sou eu? Sebastian, pai de três crianças e marido de uma mulher maravilhosa. Sou curioso e facilmente impressionado por pessoas talentosas e apaixonadas. Sou obcecado por perfeição. Sou tolerante e creio que todos temos o mesmo direito de viver, não importa como nós somos, de onde viemos e quem amamos.
Amo estar aí fora na natureza, sou teimoso, impaciente. Posso ser realmente irritante, mas fazer pessoas rirem. Amo chocolate e o cheiro de pão fresquinho. Minha cor favorita é azul. Acredito em mudança e progresso e que cada passo conta. Sou otimista e acredito que as pessoas são boas.
Eu formei uma família, e amo estar perto deles. Também desenvolvi outros interesses fora da Fórmula 1. Minha paixão pela Fórmula 1 vem com muito tempo longe deles, e toma muita energia. O comprometimento com a minha paixão, como eu fiz, embora tenha sido o certo, não tem mais espaço ao lado do meu desejo de ser um grande pai e marido.
A energia exigida para ser um com um carro e com a equipe, perseguir a perfeição, toma foco e compromisso. Meu objetivo mudou de ganhar corridas e brigar por títulos para ver meus filhos crescerem, passar a eles meus valores, esperar que eles se levantem quando caírem, escutá-los quando precisarem de mim, não ter que dizer ‘tchau’ e, o mais importante, ser capaz de aprender com eles e permitir que me inspirem.
Crianças são o futuro. À frente, sinto que há muito mais para aprender e explorar sobre a vida, e eu mesmo. Falando do futuro, sinto que vivemos tempos decisivos, e o que faremos nos próximos anos vai determinar nossas vidas. Minha paixão vem com certos aspectos que eu aprendi a desgostar. Eles podem ser resolvidos no futuro.
Falar não é suficiente, e não podemos esperar. Não há alternativa. A corrida já está valendo. Minha melhor corrida ainda está por vir. Acredito em avançar, e prosseguir. O tempo é um caminho de uma via só e eu quero seguir com o tempo. Estou ansioso para correr por pistas desconhecidas e encontrar novos desafios.
As marcas que deixei na pista vão permanecer até que o tempo as leve embora. Novas serão estabelecidas. O amanhã pertence àqueles que estão moldando o hoje. A próxima curva está em boas mãos, já que a nova geração já surgiu.
Acredito que ainda há uma corrida a ser vencida. Adeus, e obrigado por me permitirem dividir essa pista com vocês. Eu amei cada parte disso.
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