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O jogador que nunca jogou: Carlos Kaiser detalha 26 anos de carreira em entrevista ao Cast FC; confira

Kaiser foi uma grande figura para o futebol…fora das quatro linhas Uma trajetória à parte. Em mais de duas décadas […]

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Kaiser foi uma grande figura para o futebol…fora das quatro linhas

Uma trajetória à parte. Em mais de duas décadas de carreira no futebol, o gaúcho Carlos Henrique Raposo, mais conhecido como Carlos Kaiser, colecionou tudo, menos gols, assistências e minutos dentro das quatro linhas. Diz que nunca gostou de jogar. Passou por diversos clubes tradicionais do futebol nacional – e outros do resto do mundo. Em campo? Nenhuma partida oficial. Em entrevista ao Cast Futebol Clube, podcast patrocinado pela BetNacional, o ‘Forrest Gump brasileiro‘, uma de suas alcunhas, abriu o jogo sobre a sua relação curiosa com o mundo da bola. 

“Fui vendido para um empresário e fiquei a vida toda nas mãos dele. Nunca tive pinta de jogador, eu tinha pinta de craque. Rivaldo, Garrincha, Toninho Cerezo. Esses caras são monstros, mas você não olhava e falava que eram jogadores de futebol. Eu não. Eu nunca fiz um teste na vida. Não tinha essa, nem queriam ver VHS. Duas ou três embaixadas e os caras contratavam. E assim foi em todos os clubes que passei”, revelou.

            Carlos Henrique Kaiser: o craque de futebol que nunca jogou futebol | Hypeness inovação e criatividade para todos

Armado apenas com um mullet, algumas sungas e um dom prodigioso para engambelar, Kaiser – como ele insiste em ser chamado, uma homenagem a Franz “Kaiser” Beckenbauer, foi contratado e afiliado aos quatro maiores times cariocas: Botafogo, Fluminense, Flamengo e Vasco, além de vários times no exterior para os quais ele pode – ou não – ter realmente jogado.

Por onde Kaiser passou?

Ao longo de duas décadas e meia de carreira, Kaiser afirma ter jogado em seis países diferentes. A lista de ‘vítimas’ conta, supostamente, com Botafogo, Flamengo, Bangu, Fluminense, Vasco, América e Palmeiras. Só no Brasil. Ainda na América do Sul, jura ter passado pelo Independiente, da Argentina. No México e nos EUA, vestiu as camisas do Puebla e do El Paso, respectivamente. Já na França, o escolhido foi o Gazélec Ajaccio – onde o jogador, em tese, se aposentou.

No entanto, sobre o último, há controvérsias. Fabinho, o suposto amigo que levou Kaiser para a Córsega, alega que o caso do Ajaccio não passa de uma mentira. Será? Até registro tem.

A incrível trajetória do craque de futebol que nunca jogou bola

Mas por que Kaiser não jogou? 

Ele nunca quis. Além de não gostar, o gaúcho diz ter passado por situações que o desestimularam de atuar, de fato, dentro das quatro linhas. Aos 13 anos, descobriu que não recebia o salário devido. De tudo, 80% ficava com o seu empresário e com a senhora que cuidou de Kaiser após a perda do vínculo com a mãe. Desanimado, então, se propôs a não jogar. 

“Eu fazia tudo errado. Quando a bola tava na direita, eu me escondia do jogo. Corria errado, mesmo. Não queria ser jogador de futebol. Eu fui explorado. Saía às 4 da manha para entregar jornal Globo na casa das pessoas. Depois, ia para o supermercado colocar mercadoria em carro de madame. Engolia comida, ia treinar. Ganhava o que seria hoje uns 10 mil reais, mas não via dinheiro nenhum. Não era filho da pessoa que me criava. Eu vivia a vida dos outros”, lamentou.

O Vasco, Eurico e o pai de santo

Uma história com os mais diversos personagens. Em uma das – muitas – boas histórias da carreira de Kaiser, o conhecido dirigente Eurico Miranda se reuniu com um pai de santo para ‘fazer o gaúcho jogar bola’. Na época vestindo a camisa do Vasco, o ex-jogador conta que foi sincero. O que torna a cena ainda mais interessante.

“Falei: ‘mestre, ja recebeu o dinheiro do trabalho?’. Ele disse que sim. Falei, então para esquecer o que foi pedido, porque eu não tinha nenhum problema. Só não queria jogar. Disse para ele ‘bater tambor’ para outra pessoa, que realmente precisasse. Eu não queria. Só tem três caras que me fazem jogar uma pelada a serio: Ricardo rocha, Alexandre Torres e Renato Gaucho. Até hoje, não gosto, mesmo”, lembrou, em tom bem-humorado.

Apesar de tudo, bem-quisto por onde ‘passou’

Em vez de ser desprezado, Kaiser desfruta da consideração entre a maioria dos colegas de equipe. Um cara que, quando conseguia um contrato com um clube, fazia absolutamente tudo para continuar nele, desde que não envolvesse jogar futebol. Era, de fato, querido.

Carlos Kaiser (meio), o Forrest Gump do futebol brasileiro - Reprodução                                            Crédito: Reprodução

De acordo com o ex-jogador, em meio aos embates com dirigentes, muitos dos colegas de equipe se colocavam a seu favor. Discutiam e pediam pela permanência de Kaiser. O que, até hoje, é motivo de orgulho.

A história de Kaiser foi parar nos cinemas

Por toda a curiosidade que envolve a trajetória do gaúcho de 59 anos, sua vida foi parar na tela do cinema. E recebeu ótimas críticas. No título do documentário, um bom resumo do que foi a ‘carreira’ de Kaiser.


O cartaz do documentário sobre a vida de Carlos Kaiser. Crédito: Divulgação

O filme “Kaiser: The Greatest Footballer Never to Play Football”, do português “O maior jogador que nunca jogou futebol”, conta a carreira do homem que figurou elencos de gigantes do futebol sem ao menos ter algum tipo de intimidade com a redonda.

A obra, dirigida pelo britânico Louis Myles, tenta explicar como um homem que nunca foi muito habilidoso acabou sobrevivendo tanto tempo dentro do mundo do futebol, tendo como colegas de time alguns dos maiores ídolos do esporte brasileiro, como Carlos Alberto Torres, Renato Gaúcho, Ricardo Rocha, entre outros.

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