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Morre o Rei do Futebol: relembre a vida e a carreira de Pelé

Pelé tinha 82 anos e estava tratando de um câncer no cólon Luto no mundo do futebol. O Rei se foi. […]

Pelé no dicionário: Rei do Futebol vira adjetivo após campanha - Pelé com as taças do tricampeonato da Copa do Mundo pela Seleção Brasileira

Ricardo Stuckert/CBF

Pelé tinha 82 anos e estava tratando de um câncer no cólon

Luto no mundo do futebol. O Rei se foi. Nesta quinta-feira (29), morreu Pelé, aos 82 anos. Ídolo em todo o universo do esporte, ele colecionou gols, títulos e súditos. 

Pelé lutava contra um câncer no cólon, identificado em setembro de 2021. Apesar de boletins médicos recentes afirmarem que o Rei do Futebol estava em “pleno controle das funções vitais”, ele não resistiu. 

Edson Arantes do Nascimento nasceu em 23 de outubro de 1940, na cidade de Três Corações, em Minas Gerais. 

Pelé surgiu para o futebol no Santos, aos 15 anos e já aos 16 estava na Seleção Brasileira. Durante a carreira ganhou 3 Copas do Mundo – a 1ª em 1958, a 2ª em 1962 e a 3ª em 1970. Com a camisa verde e amarela, marcou 77 gols em 92 jogos. 

Continue lendo este texto do Jogo Hoje e saiba tudo sobre a vida e a carreira de Pelé, o Rei do Futebol. 

Edson Arantes do Nascimento antes de ser Pelé 

O futebol estava no lar de Pelé antes mesmo de ele nascer. Afinal, era filho do jogador João Ramos do Nascimento, conhecido como Dondinho. A mãe de Pelé chamava-se Celeste e ele era o mais velho de 2 irmãos. 

E antes de ser Pelé, Edson foi apelidado de Dico pela família. O apelido que praticamente virou seu nome foi dado na escola, devido à forma como ele pronunciava o nome do goleiro Bilé, do Vasco da Gama de São Lourenço, que era seu jogador favorito. 

Inclusive, Pelé não gostava desse apelido. Em sua autobiografia, contou que não sabia o que significava o apelido. 

Infância pobre e os primeiros passos no futebol 

Por onde anda: os primeiros companheiros de Pelé no Baquinho - Folha de São Paulo
O Bauru, primeiro time de Pelé. Foto: Divulgação 

Assim como a esmagadora maioria dos jogadores de futebol brasileiros, Pelé teve uma infância pobre. Apesar de ter nascido em Minas Gerais, ele cresceu em Bauru, no Estado de São Paulo.

O garoto, que aprendeu a jogar bola com o pai, nem mesmo tinha uma para chamar de sua. Assim, ele improvisava e jogava até com uma meia recheada de jornal e amarrada por cordas. 

E até chegar no Santos, o garoto passou por alguns clubes menores. O 1º deles foi o Sete de Setembro, que jogava em um campinho de terra batida e Pelé sequer usava chuteiras. 

Do Sete o então futuro Rei do Futebol foi para o Ameriquinha, clube onde usou chuteiras pela 1ª vez. Depois disso, aos 13 anos, Pelé jogou pelo Baquinho, uma equipe infanto-juvenil do Bauru Atlético Clube, conquistando 2 campeonatos da categoria. 

Nessa época, Edson era o caçula da equipe e seu time era superior aos adversários. Com isso, chegaram a ganhar um dos jogos por 21×0, onde Pelé foi um dos artilheiros, balançando a rede 7 vezes. O futuro Rei do Futebol já chamava a atenção nessa época. 

Anos depois, em 1955, o Baquinho se transformou em um time de futebol de salão, batizado de Radium. Mais uma vez, Pelé foi destaque. 

Atuando pelo Radium no futsal, o ainda garotinho Pelé recebeu propostas do Bangu Atlético Clube e do Esporte Clube Noroeste. No entanto, as propostas foram declinadas pela mãe dele e depois pelo seu técnico. 

Porém, o treinador sugeriu que o menino fosse ao Santos. Apesar da oposição de Celeste, mãe de Pelé, ele foi com Brito, seu treinador para o Santos e a história do Rei entrou em um capítulo muito importante. 

Pelé no Santos 

Em junho de 1956, Pelé assinou um contrato com o Santos, após ser levado por Brito e apresentado pelo treinador ao clube como o garoto que seria “o maior jogador de futebol do mundo”. 


Pelé assinando seu primeiro contrato profissional com o Santos. Foto: Centro de Memória do Santos/Divulgação

Ao chegar no Peixe, Pelé impressionou Luís Alonso Perez, treinador do Santos, e assim assinou contrato. 

Seu salário era de 6 mil cruzeiros e o dinheiro era enviado para a mãe. Inicialmente, ele atuou na equipe amadora do Santos e marcou 13 gols em 13 jogos. A estreia profissional aconteceu em 7 de setembro de 1956, aos 15 anos, contra o Corinthians de Santo André. 

Na ocasião, Pelé marcou o 1º gol de sua carreira profissional. E com apenas dez meses de carreira profissional, ainda como jogador do Santos, em 1957 ele foi convocado para a Seleção Brasileira pela 1ª vez. 

Lima: “Pelé recebia propostas, mas ficou porque o Santos era parte dele” | LANCE!
O Rei em ação pelo Alvinegro praiano. Foto: Divulgação

O Rei surgiu profissionalmente para o futebol no Peixe. Além disso, também foi lá que teve sua 1ª convocação para atuar pelo Brasil. E no Santos, Pelé permaneceu por 19 temporadas, marcando 1091 gols, em 1116 jogos.

Pelé no New York Cosmos 

Atualmente, os jogadores de futebol que surgem no futebol brasileiro e se destacam bastante, fazem um caminho quase obrigatório: vão atuar no futebol europeu. Mas no tempo do Rei do Futebol não foi assim. 

Pelé surgiu profissionalmente no Santos e lá permaneceu por quase 20 anos de sua carreira. Depois de quase 2 décadas, ele se aposentou do futebol brasileiro e foi atuar nos Estados Unidos. 

O Rei assinou um contrato milionário com o New York Cosmos. Assim, em 15 de junho de 1975, Pelé fez sua estreia pela equipe, em uma partida contra o Dallas Tornado, no Downing Stadium, e o jogo terminou empatado em 2×2.  


Pelé em campo pela equipe americana. Foto: Divulgação 

Pelé permaneceu no New York Cosmos por dois anos e em 1º de outubro de 1977 encerrou sua carreira profissional em uma partida de exibição entre Cosmos e Santos. 

Apesar da curta passagem e de, obviamente, não estar mais em sua melhor forma e fase, creditam a Pelé o aumento do interesse dos estadunidenses pelo futebol jogado com os pés e bola redonda.  Afinal, nos Estados Unidos o esporte mais popular é o futebol da bola oval. 

Enquanto esteve no Cosmos, Pelé marcou 64 gols em 106 jogos, além de ter dado 30 assistências. 

Pelé na Seleção Brasileira 

Na Copa de 70, Pelé se preparou como nunca para ser campeão de novo - ISTOÉ Independente
Pelé em campo pela Seleção. Foto: Divulgação 

A Seleção Brasileira representa grande parcela das razões pelas quais Pelé é o Rei do Futebol. 

A 1ª convocação de Pelé para a Seleção foi apenas 10 meses após sua contratação pelo Santos. E ele tinha apenas 17 anos quando isso aconteceu. 

Essa 1ª convocação para defender o Brasil aconteceu para a disputa da Copa Roca, o atual Superclássico das Américas – um torneio amistoso entre Brasil e Argentina. 

A Copa Roca consistia em dois jogos. O 1º, realizado no Brasil, marcou a estreia de Pelé pela Seleção e aconteceu no Maracanã. Apesar disso, a Argentina venceu por 2×1, inclusive com gol marcado pelo então garoto estreante de apenas 17 anos. 

No 2º jogo, no entanto, realizado no Pacaembu, deu Brasil. Por 2×0, com gols de Pelé e outro de Mazzola. Esse foi também o 1º título de Pelé pela Seleção. Um cartão de visitas e tanto. 

Depois disso, a lista impressionante só cresceu. Ele tornou-se e é até hoje o jogador mais novo a vencer uma Copa do Mundo de futebol. Afinal, tinha apenas 17 anos e 8 meses quando foi campeão do mundo em 1958, na Suécia. 

Mundial 1958: Aí vai o Brasil e um tal de Pelé
Pelé após o título de 58. Foto: Acervo/FIFA

Na ocasião, Pelé marcou 6 vezes e foi o artilheiro do Brasil. Foi também a 1ª vez que ele foi chamado de Rei do Futebol – os primeiros a chamarem ele dessa forma foram os franceses. 

Era de Ouro da Seleção Brasileira 

Pelé - Brasil x Itália - Copa do Mundo 1970
Pelé – Brasil x Itália – Copa do Mundo 1970. Foto:FIFA

Campeão do mundo e já Rei, Edson Arantes do Nascimento encorpou a chamada Era de Ouro da Seleção Brasileira, que durou de 1958 a 1970. Neste período, o Brasil somou 3 títulos mundiais em 4 Copas Mundo: 1958, 1962 e 1970. 

Pela Seleção Brasileiraa, pelé também se tornou o único jogador da história a ser tricampeão mundial. Ele marcou 77 gols com a camisa do Brasil e fez seu último jogo pela Canarinho em julho de 1971, no mesmo Maracanã em que fez a sua estreia. 

Vida pessoal de Pelé 

Quantos filhos Pelé teve?

A vida de Pelé não se resume aos gramados. Pelo contrário. Foi fora deles que muitas linhas foram escritas, algumas bem polêmicas, inclusive. Entre as faces do Rei do Futebol está a de marido e pai. 

Pelé teve namoros midiáticos e casou-se 3 vezes e teve, ao todo, 7 filhos. No entanto, ele teve 2 filhas em relacionamentos extraconjugais.  

O 1º casamento de Pelé 

A 1ª vez que Pelé casou-se foi com Rosemeri dos Reis Cholbi e a união aconteceu em 1966. Juntos, tiveram 3 filhos: Kelly Cristina (1967), Edinho (1970) e Jennifer (1978). 

Mas Pelé e Rosemeri se divorciaram em 1980 e logo em 1981 o Rei começou a namorar a então modelo Xuxa. O relacionamento do Rei do Futebol com a, posteriormente, Rainha dos Baixinhos durou 5 anos. 

Depois de Xuxa, Pelé conheceu a cantora Assíria Seixas Lemos. Em 1994 o casal selou a união em uma cerimônia realizada na Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, localizada no bairro do Espinheiro, no Recife. 

Com Assíria, Pelé também teve filhos. O casal teve os gêmeos  Joshua e Celeste, nascidos em 1996. Porém, em 2008, os dois se divorciaram. Já em 2010, o ex-jogador começou a namorar a empresária Márcia Aoki e os dois se casaram em 2016. 

Filhos fora do casamento 

Pelé teve 2 filhas frutos de relacionamentos extraconjugais e que não foram reconhecidas por ele por espontânea vontade. 

A 1ª filha é Sandra Regina Machado, fruto de um caso que Pelé teve com a empregada doméstica Anisia Machado, durante seu namoro com Rosemeri, que depois tornou-se sua 1ª esposa. Anisia engravidou e Sandra nasceu em 1964.

Além disso, ele nunca quis conhecer a filha. Assim, Sandra lutou durante anos na Justiça para ser reconhecida legalmente. 

Isso só aconteceu após um teste de DNA, realizado em 1996. Mesmo com o reconhecimento legal da paternidade, ele nunca teve contato com Sandra, que morreu em 2006, vítima de câncer.

Também enquanto era casado com Rosemeri, Pelé teve outro caso e outra filha. Desta vez com a jornalista Lenita Kurtz e do relacionamento nasceu Flávia Kurtz, em 1970. Ela também só foi reconhecida pelo pai depois de lutar na Justiça. 

A face artística de Pelé 

O talento de Pelé com a bola nos pés é conhecido, reconhecido e reverenciado em todo o mundo. Mas nem todo mundo sabe que o Rei também tinha outras habilidades como atuar e cantar. 

Ele se arriscou como ator em filmes e novelas e deu uma palhinha como cantor. Confira a obras audiovisuais em que Pelé apareceu e interpretou: 

Filmes

  • O Barão Otelo no Barato dos Bilhões (participação especial)
  • Os Trombadinhas
  • Pedro Mico
  • Fuga para a Vitória
  • A Marcha
  • Os Trapalhões e o Rei do Futebol

Novela

  • Os Estranhos

Documentários

  • Isto É Pelé 
  • Pelé Eterno 
  • Pelé

Músicas

  • Compacto Tabelinha com Elis Regina

Pelé na política 

Se você leu este texto até aqui já sabe que Pelé foi mais do que jogador. Ele também tinha sua face pai, inclusive com um lado pouco admirável, e um lado artístico. 

Pode acrescentar a esta lista a face política de Pelé. Vale destacar, porém, que a relação do jogador com a política foi marcada por críticas. 

Isto porque durante o período da Ditadura Militar no Brasil, onde se deu boa parte da carreira de Pelé, muitas vezes ele foi apontado como um garoto-propaganda do governo, além de apoiador do regime. 

Pelé foi nomeado para este cargo em janeiro de 1995, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. A passagem do ex-jogador pelo cargo durou 3 anos, até 1998. 

Enquanto esteve ministro, Pelé propôs uma legislação com o objetivo de diminuir a corrupção no futebol. Essa legislação ficou conhecida como a “Lei Pelé”.

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