Os estádios são, geralmente, lugares de festa. Lances bonitos, gols, comemoração…Mas nem sempre é assim. Os protestos no futebol fazem com que p esporte mais popular do mundo já tenha protagonizado momentos históricos por jogadores ou torcedores.
Na Copa dos protestos, Alemanha posou para foto tapando as bocas
A Copa do Mundo do Catar foi marcada pela grande quantidade de manifestações ocorridas dentro e fora dos estádios. Afinal, o país que considera crime o homossexualismo e impõe uma série de restrições às mulheres
Assim, torcedores, jogadores e times inteiros se mobilizaram para protestar contra as restrições do Catar e a favor dos direitos humanos. Um dos protestos mais simbólicos foi feito pelo time da Alemanha.
Antes do jogo contra o Japão, na fase de grupos, os jogadores posaram para fotos tapando as bocas com as mãos. O gesto foi simbólico, mas a imagem viralizou e teve grande repercussão mundial.
Jogadores de Inglaterra e País de Gales se ajoelharam juntos
Outro protesto que teve repercussão mundial na Copa do Catar aconteceu antes do confronto entre Inglaterra e País de Gales, válido pela terceira rodada da fase de grupos. Jogadores das duas seleções se ajoelharam no meio do gramado.
Foi um protesto contra a proibição do uso de uma braçadeira que apoiava a causa LGBTQIA+. Jogadores de várias seleções começaram a usar o adereço, o que gerou discussão internacional e revolta no Catar.
A Fifa, então, entrou em campo e decidiu proibir o uso das braçadeiras. Quem ignorasse a proibição poderia sofrer punições técnicas, previa a Federação. Ameaçados e sem aparato, os atletas desistiram de usar as braçadeiras.
Luta contra o racismo mobilizou o futebol mundial em 2020
Em maio de 2020, a morte de um cidadão norte-americano causou comoção mundial. George Floyd, que era negro, foi estrangulado por um policial durante uma abordagem. O crime foi repudiado pela sociedade, causando um grande levante contra o racismo em todo o mundo.
Atletas de vários esportes se juntaram às manifestações. No futebol, atletas de vários times em todos os cantos do planeta passaram a se ajoelhar antes do início dos jogos em forma de protesto. Outros jogadores usaram camisas por baixo do uniforme com frases pedindo justiça a George Floyd.
Jogadores brasileiros se mobilizaram contra Lei Geral do Esporte
Em julho do ano passado, a Câmara dos Deputados aprovou a Lei Geral do Esporte. É um projeto que reformula a legislação esportiva. Na teoria, a mudança valoriza o esporte e os atletas em formação. Mas a ideia não agradou os jogadores profissionais.
Os atletas acreditam que a Lei Geral do Esporte retira direitos trabalhistas. Por isso, se mobilizaram contra o projeto no ano passado. Vários protestos foram feitos em jogos válidos pelas quatro divisões do Campeonato Brasileiro.
Na maioria das vezes, antes do início das partidas, os atletas taparam a boca com as mãos. Num duelo entre Fluminense e Ceará, os atletas ficaram 30 segundos sem tocar na bola, em forma de protesto.
Democracia Corinthiana fez história com protestos no futebol brasileiro
No início da década de 1980, o Corinthians viu surgir um movimento ideológico que entrou para a história do futebol brasileiro. A Democracia Corinthiana é lembrada como a maior manifestação política organizada já vista no esporte do país.
Liderados por craques como Sócrates, Zenon, Wladimir e Casagrande, os jogadores faziam uma espécie de “autogestão” do elenco.
Ou seja, eles decidiam suas próprias regras, como liberação de atletas casados da concentração, permissão para consumo de bebidas alcoólicas em público e pagamento de premiação.
Tudo isso era decidido por meio do voto de cada atleta e do técnico, que tinha o mesmo peso do voto dos jogadores. O movimento tinha o slogan “Ganhar ou perder, mas sempre com democracia”.
E era comum os jogadores entrarem em campo mostrando uma faixa com esse slogan.
Mas a discussão sobre regras internas não era o único objetivo do movimento. Como os líderes eram pessoas politizadas, a Democracia Corinthiana também se posicionava sobre fatos que aconteciam fora dos gramados no país. E naquela época o Brasil ainda vivia a Ditadura Militar.
A Democracia Corinthiana fez protestos considerados muito ousados para a época. Os jogadores chegaram a entrar em campo com frases de cunho político estampadas nas camisas. Frases como “diretas já” e “eu quero votar para presidente”.
O movimento, que começou em 1982, durou até o fim de 1984, após as saídas de Sócrates e Casagrande do elenco. Dentro de campo, nesse período de quatro anos, o Corinthians foi campeão paulista duas vezes (1982 e 1983).