André também falou sobre trabalho de formação e sobre o Vôlei Renata
“Não éramos os melhores jogadores, nem os mais habilidosos”. É assim que o ex-central André Heller lembra do time campeão olímpico em Atenas 2004, considerado um dos melhores da história do vôlei masculino. Hoje, já fora das quadras, o gaúcho, que fez história com a seleção, teve um reencontro recente com a Amarelinha e falou sobre a possibilidade de voltar a trabalhar na Seleção, além de analisar o momento do time após a saída do treinador Renan Dal Zotto.
André Heller disputou três Olimpíadas com a Seleção Brasileira, com duas medalhas: ouro em Atenas 2004 e prata em Londres 2012. Ao todo, ele defendeu o time nacional entre 1997 e 2008, com títulos de Campeonato Mundial (2006), Copa do Mundo (2003 e 2007), Copa dos Campeões (2005), Jogos Pan-Americanos (2007) e Liga Mundial (2001, 2003-2007).
Isso fora a carreira em clubes, com passagens por Sociedade Ginástica-RS, Ulbra-RS, Minas, Unisul-SC, Trentino (ITA), Modena (ITA) e Campinas – no qual encerrou a carreira dentro das quadras, em 2014. Desde então, ele se tornou gestor do time paulista, atualmente conhecido como Vôlei Renata. Na última temporada de seleções, ele também esteve como gestor na Seleção.
O futuro da Seleção Brasileira
André Heller falou com o Jogo Hoje durante o Fórum Estadual de Formação Esportiva, realizado pelo Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), no Recife, na última quarta-feira (22). O ex-central falou sobre essa última experiência com o time nacional. Durante sua passagem, o Brasil perdeu o Sul-Americano para a Argentina, no Recife, mas conseguiu a vaga para Paris 2024 no Pré-Olímpico, no Rio de Janeiro.
“A Seleção Masculina se classificou com muito mérito para Paris 2024. É uma vitória muito importante no Pré-Olímpico”. O torneio coincidiu com o fim da era Renan Dal Zotto, que anunciou a saída logo após o último jogo. “Por questões pessoais, o técnico Renan Dal Zotto decidiu se retirar, mas a Seleção Brasileira vive um momento importante, intenso, de renovação. É a construção de uma nova geração, de uma nova seleção”.
Assim, apesar da indefinição de sobre o futuro da equipe, André Heller mostrou confiança sobre a gestão e a construção dessa Seleção Brasileira. “O trabalho vem sendo muito bem feito. Existe uma gama enorme de profissionais na Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) que estão ajudando nessa construção”, afirmou.
Segundo o jornalista Bruno Voloch, do O Tempo, a CBV já acertou com Bernardinho para um retorno ao comando do Brasil após quase sete anos. Oficialmente, porém, não há confirmação do novo comandante e o ex-central mostrou otimismo sobre a definição. “Não temos ainda o nome do técnico, mas com certeza temos ótimas opções no Brasil. E, independentemente da definição, a CBV tem uma equipe multidisciplinar, com muita capacidade de dar continuidade ao trabalho”.
Questionado sobre a possibilidade de voltar a trabalhar com a Seleção, porém, ele desconversou. “Aconteceram algumas conversas em relação ao ano que vem, até um projeto de Paris, mas a princípio eu permaneci esses três meses em 2023, com foco exclusivo no Sul-Americano e no Pré-Olímpico. Conseguimos o objetivo maior, que era a classificação pra Paris. De oficial, esse período foi finalizado e, por hora, é isso, não tem a perspectiva”.
André Heller, a formação e o Vôlei Renata
O projeto do Vôlei Renata, em Campinas, surgiu em 2010, e, desde então, André Heller faz parte da equipe – primeiro como atleta depois como gestor. Hoje, a equipe está consolidada no cenário nacional sendo tricampeã paulista, vice-campeã nacional por uma vez e 3º em outras duas oportunidades, além de ter um bronze no Sul-Americano de Clubes.
Na visão de André Heller, um dos segredos desse sucesso é o trabalho de formação desenvolvido pelo time. “O Vôlei Renata se tornou, desde os seus primeiros anos de vida, um clube formador. Temos três pilares fundamentais no Vôlei Renata: a equipe adulta profissional, um trabalho social muito importante também e um pilar de formação de atletas”.
André Heller, que surgiu na base da Sociedade Ginástica de Novo Hamburgo, aos 14 anos, sempre reafirmou a importância do trabalho de formação do clube para seu desenvolvimento enquanto atleta. Agora, do outro lado dessa relação, ele segue em vínculo direto com clubes formadores, seja no Vôlei Renata, seja no CBC, onde é embaixador.
Assim, ele falou da importância desse trabalho para o time de Campinas. “Esse pilar retroalimenta a equipe profissional, todos se perneiam, se integram e a gente vem buscando cada vez mais aprimoramento, competências, aprendizados e conhecimentos para fazer um trabalho importante e relevante com esses jovens. Não só no que diz respeito ao ensino do voleibol, mas também à formação integral, como pessoas, seres humanos, cidadãos. Nós pretendemos ainda fazer esse trabalho durante muitas décadas”.
Por fim, o campeão olímpico, que agradeceu aos pernambucanos pela recepção, falou da importância de encontros como o que teve no Recife, capilarizando o debate sobre clubes formadores pelo país. “Foi a oportunidade de ouro que precisávamos para compartilhar um olhar diferente, mais profundo sobre o poder que o esporte tem de transformar, impactar todas as áreas da nossa vida. Espero que a gente tenha ainda muitas oportunidades de voltarmos aqui”.
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